Pedro Antônio diz que Flu vetou estádio para não se indispor com o Fla
Dirigente foi desligado nesta quarta-feira após polêmica
O desligamento da vice-presidência de projetos especiais do Fluminense, anunciado na manhã desta quarta, não surpreendeu Pedro Antônio Ribeiro da Silva. O agora ex-dirigente havia sido comunicado de seu afastamento na noite anterior, num jantar com o presidente Pedro Abad. O que ele realmente tenta entender é a postura do mandatário nos últimos dias. Não por tê-lo afastado do clube, mas por ter desistido da briga por um estádio no Parque Olímpico, motivo da rusga que culminou na mais nova crise política das Laranjeiras.
— Ele (Abad) está aceitando a pressão do grupo político dele (a Flusócio), que não quer gerar nenhuma possibilidade de competir com o Flamengo. O grupo dele não quer que incomodem o Flamengo — disse Pedro Antônio. — Nem me atrevi a perguntar o porquê. Como pode uma coisa dessas?
Em contato com a reportagem, o responsável pela construção do Centro de Treinamentos do Fluminense, inaugurado em 2016, quebrou o silêncio. Revelou ter ouvido da boca do próprio Abad que “não quer quebrar o relacionamento institucional com o Flamengo” e que não é do interesse do presidente tricolor erguer o estádio projetado por ele no Parque Olímpico.
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— É a posição dele: não quer esse estádio. Não sei o motivo. Ficou rodando, rodando e não disse o porquê.
A casa tricolor que Pedro Antônio projetou teria capacidade para receber cerca de 18 mil torcedores. Seria erguida com uso do material do Estádio Aquático e demandaria o investimento de até R$ 100 milhões. Ele já havia conversado com o secretário de urbanismo Índio da Costa e com outros políticos que poderiam apoiar o projeto. Restava apenas falar com o prefeito Marcello Crivella para buscar a cessão do terreno.
Só que o Flamengo também estava interessado numa arena no local e cobrou da prefeitura uma licitação. Por acreditar que seria difícil competir com o Rubro-negro (pelo alto poder de investimento do rival), Pedro Antônio decidiu, na semana passada, falar publicamente sobre o projeto. Até aquela altura, o estádio no Parque Olímpico já era de conhecimento público, mas ainda não tinha sido confirmado oficialmente pelo Fluminense.
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Pedro Antônio queria mostrar que o Fluminense estava mais adiantado em relação ao clube da Gávea e ganhar apoio na opinião pública. Sua postura desagradou Abad, que viu na quebra do sigilo uma traição. Nas Laranjeiras, o ex-dirigente ainda é acusado de ter vazado a informação inicial do estádio.
— Passei os últimos dois anos trabalhando em segredo neste projeto. Por que eu vazaria agora? Fui procurado por um jornalista logo depois de uma reunião do Conselho Diretor e ele já tinha essa informação. Quem vazou foi alguém de lá — defendeu-se Pedro Antônio.
Em declaração postada no Facebook, Abad afirmou que não havia um consenso em torno do projeto apresentado por Pedro Antônio. O Fluminense trabalha com outro projeto de estádio, maior, para um público entre 35 mil e 40 mil torcedores. O que se comenta internamente é que o então vice de projetos especiais tentava impôr o seu.
— Eles sabem dessa ideia desde antes da eleição (ocorrida em novembro). Pode perguntar ao Peter Siemsen. Não é uma coisa que botei goela abaixo — conta Pedro Antônio, que diz desconhecer outros projetos de estádio. — O Abad me apresentou um terreno em Jacarepaguá, mas numa zona horrível. Foi só isso.
Com viagem marcada para tirar alguns dias de férias, Pedro Antônio diz não se arrepender de nenhum de seus atos. Mas não esconde a mágoa com a Flusócio, grupo político de Abad. Ele diz estar sendo atacado por alguns membros do grupo via redes sociais.
— Esse grupo se movimenta no que há de pior na política. Não sou contra a política, desde que seja feita em benefício do clube. Mas ela não está sendo usada pelo bem do Fluminense — atacou o dirigente, que poupou o presidente das críticas. — Ali há muita politicagem. Eles falam muito e não fazem nada. Mas isso não se aplica ao Abad. Refiro-me aos outros que fazem parte deste grupo.
O vínculo do Fluminense com Pedro Antônio não chegou ao fim. Além de dar nome ao CT, ele é credor do clube, que ainda lhe deve R$ 5,5 milhões. O dinheiro foi emprestado para ajudar na construção do CT, e o dirigente garante nunca ter cobrado juros. Ele diz que nada mudará neste sentido.
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